"Flor do Mato"
" Aqueles que passam por nós, não vão sós, não nos deixam sós. Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós" ( Saint Exupery ) "Deleitando-se com a arte, o homem purifica seu corpo e sua alma. É realmente uma dádiva Divina" Meishu-Sama
sábado, 25 de julho de 2020
sexta-feira, 9 de dezembro de 2016
quinta-feira, 8 de dezembro de 2016
segunda-feira, 4 de julho de 2016
segunda-feira, 22 de junho de 2015
sábado, 26 de novembro de 2011
salmo 139
SENHOR
Se subir ao céu, lá tu estás; se fizer no inferno a minha cama, eis que tu ali estás também.
Se tomar as asas da alva, se habitar nas extremidades do mar,
Até ali a tua mão me guiará e a tua destra me susterá.
Se disser: Decerto que as trevas me encobrirão; então a noite será luz à roda de mim.
Nem ainda as trevas me encobrem de ti; mas a noite resplandece como o dia; as trevas e a luz são para ti a mesma coisa;
sábado, 5 de novembro de 2011
segunda-feira, 13 de junho de 2011
sexta-feira, 10 de junho de 2011
quinta-feira, 10 de março de 2011
quarta-feira, 2 de março de 2011
sexta-feira, 29 de outubro de 2010
quarta-feira, 13 de outubro de 2010
segunda-feira, 11 de outubro de 2010
terça-feira, 20 de julho de 2010
domingo, 16 de maio de 2010
Elegia desesperada
Alguém que me falasse do mistério do Amor
Na sombra - alguém; alguém que me mentisse
Em sorrisos, enquanto morriam os rios, enquanto morriam
As aves do céu! e mais que nunca
No fundo da carne o sonho rompeu um claustro frio
Onde as lúcidas irmãs na branca loucura das auroras
Rezam e choram e velam o cadáver gelado do sol!
Alguém que me beijasse e me fizesse estacar
No meu caminho - alguém! - as torres ermas
Mais altas que a lua, onde dormem as virgens
Nuas, as nádegas crispadas no desejo
Impossível dos homens - ah! deitariam a sua maldição!
Ninguém... nem tu, andorinha, que para seres minha
Foste mulher alta, escura e de mãos longas...
Revesti-me de paz? - não mais se me fecharão as chagas
Ao beijo ardente dos ideais - perdi-me
De paz! sou rei, sou árvore
No plácido país do Outono; sou irmão da névoa
Ondulante, sou ilha no gelo, apaziguada!
E no entanto, se eu tivesse ouvido em meu silêncio uma voz
De dor, uma simples voz de dor... mas! fecharam-me
As portas, sentaram-se todos à mesa e beberam o vinho
Das alegrias e penas da vida (e eu só tive a lua
Lívida, a lésbica que me poluiu da sua eterna
Insensível polução ...). Gritarei a Deus? - ai dos homens!
Aos homens? - ai de mim! Cantarei
Os fatais hinos da redenção? Morra Deus
Envolto em música! - e que se abracem
As montanhas do mundo para apagar o rasto do poeta!
*
E o homem vazio se atira para o esforço desconhecido
Impassível. A treva amarga o vento. No silêncio
Troa invisível o tantã das tribos bárbaras
E descem os rios loucos para a imaginação humana.
Do céu se desprende a face maravilhosa de Canópus
Para o muito fundo da noite... - e um grito cresce desorientado
Um grito de virgem que arde... - na copa dos pinheiros
Nem um piar de pássaro, nem uma visão consoladora da lua.
É o instante em que o medo poderia ser para sempre
Em que as planícies se ausentam e deixam as entranhas cruas da terra
Para as montanhas, a imagem do homem crispado, correndo
É a visão do próprio desespero perdido na própria imobilidade.
Ele traz em si mesmo a maior das doenças
Sobre o seu rosto de pedra os olhos são órbitas brancas
À sua passagem as sensitivas se fecham apavoradas
E as árvores se calam e tremem convulsas de frio.
O próprio bem tem nele a máscara do gelo
E o seu crime é cruel, lúcido e sem paixão
Ele mata a avezinha só porque a viu voando
E queima florestas inteiras para aquecer as mãos.
Seu olhar que rouba às estrelas belezas recônditas
Debruça-se às vezes sobre a borda negra dos penhascos
E seu ouvido agudo escuta longamente
As
E se acontece encontrar em seu fatal caminho
Essas imprudentes meninas que costumam perder-se nos bosques
Ele as apaixona de amor e as leva e as sevicia
E as lança depois ao veneno das víboras ferozes.
Seu nome é terrível. Se ele o grita silenciosamente
Deus se perde de horror e se destrói no céu.
Desespero! Desespero! Porta fechada ao mal
Loucura do bem, desespero, criador de anjos!
Vinicius de Moraes
quarta-feira, 21 de abril de 2010
A Leoa
Não há quem a emoção não dobre e vença,
Lendo o episódio da leoa brava,
Que, sedenta e famélica, bramava,
Vagando pelas ruas de Florença.
Foge a população espavorida,
E na cidade deplorável e erma
Topa a leoa só, quase semv ida
Uma infeliz mulher débil e enferma.
Em frente à fera, um estupor de assombo,
Não já por si tremia, ela, a mesquinha,
Porém, porque era mãe e o peso tinha,
Sempre caro pras mães, de um filho ao ombro.
Cegava-a o pranto, enrouquecia-a o choro,
Desvairava-a o pavor!... e entanto, o lindo,
O tenro infante, pequenino e louro,
Plácido estava nos seus braços rindo.
E olhar desfeito em pérolas celestes
Crava a mãe no animal, que pára e hesita,
Àquele olhar de súplica infinita,
Que é só próprio das mães em transes destes.
Mas a leoa, como se entendesse
O amor de mãe, incólume deixou-a...
É que esse amor até nas feras vê-se!
E é que era mãe talvez essa leoa!
de Raimundo Correia