" Aqueles que passam por nós, não vão sós, não nos deixam sós. Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós" ( Saint Exupery ) "Deleitando-se com a arte, o homem purifica seu corpo e sua alma. É realmente uma dádiva Divina" Meishu-Sama
segunda-feira, 26 de janeiro de 2009
domingo, 18 de janeiro de 2009
Vicente de Carvalho
"Deixa-me, fonte!" Dizia
A flor, tonta de terror.
E a fonte, sonora e fria,
Cantava, levando a flor.
"Deixa-me, deixa-me, fonte!
" Dizia a flor a chorar:
"Eu fui nascida no monte...
"Não me leves para o mar".
E a fonte, rápida e fria,
Com um sussurro zombador,
Por sobre a areia corria,
Corria levando a flor.
"Ai, balanços do meu galho,
"Balanços do berço meu;
"Ai, claras gotas de orvalho
"Caídas do azul do céu!...
Chorava a flor, e gemia,
Branca, branca de terror,
E a fonte, sonora e fria
Rolava levando a flor.
"Deixa-me, fonte!" Dizia
A flor, tonta de terror.
E a fonte, sonora e fria,
Cantava, levando a flor.
"Deixa-me, deixa-me, fonte!
" Dizia a flor a chorar:
"Eu fui nascida no monte...
"Não me leves para o mar".
E a fonte, rápida e fria,
Com um sussurro zombador,
Por sobre a areia corria,
Corria levando a flor.
"Ai, balanços do meu galho,
"Balanços do berço meu;
"Ai, claras gotas de orvalho
"Caídas do azul do céu!...
Chorava a flor, e gemia,
Branca, branca de terror,
E a fonte, sonora e fria
Rolava levando a flor.
Adeus, sombra das ramadas,
"Cantigas do rouxinol;
"Ai, festa das madrugadas,
"Doçuras do pôr do sol;
"Carícia das brisas leves
"Que abrem rasgões de luar...
"Fonte, fonte, não me leves,
"Não me leves para o mar!...
" As correntezas da vida
E os restos do meu amor
Resvalam numa descida
Como a da fonte e da flor...
"Cantigas do rouxinol;
"Ai, festa das madrugadas,
"Doçuras do pôr do sol;
"Carícia das brisas leves
"Que abrem rasgões de luar...
"Fonte, fonte, não me leves,
"Não me leves para o mar!...
" As correntezas da vida
E os restos do meu amor
Resvalam numa descida
Como a da fonte e da flor...
terça-feira, 13 de janeiro de 2009
quinta-feira, 8 de janeiro de 2009
Desencanto (Manuel Bandeira)
Eu faço versos como quem chora
De desalento... de desencanto...
Fecha o meu livro, se por agora
Não tens motivo nenhum de pranto.
Meu verso é sangue. Volúpia ardente...
Tristeza esparsa... remorso vão...
Dói-me nas veias. Amargo e quente,
Cai, gota a gota, do coração.
E nestes versos de angústia rouca,
Assim dos lábios a vida corre,
Deixando um acre sabor na boca.
Eu faço versos como quem mor
Eu faço versos como quem chora
De desalento... de desencanto...
Fecha o meu livro, se por agora
Não tens motivo nenhum de pranto.
Meu verso é sangue. Volúpia ardente...
Tristeza esparsa... remorso vão...
Dói-me nas veias. Amargo e quente,
Cai, gota a gota, do coração.
E nestes versos de angústia rouca,
Assim dos lábios a vida corre,
Deixando um acre sabor na boca.
Eu faço versos como quem mor
quarta-feira, 7 de janeiro de 2009
sábado, 3 de janeiro de 2009
Plenitude
Manoel Bandeira
Vai alto o dia. O sol a pino ofusca e vibra
O ar é como de forja. A força nova e pura
Da vida embriaga e exalta. E eu sinto fibra a fibra
Avassalar-me o ser a vontade da cura
A energia vital que no ventre profundo
Da terra estuanta ofega e penetra as raízes
Sobe no caule, faz todo galho fecundo
E estala na amplidão das ramadas felizes
Entra-me como um vinho acre pelas narinas
Arde-me na garganta... e nas artérias sinto
O bálsamo aromado e quente das resinas
Que vem da exalação de cada terebinto
O furor de criação dionisíaco estua
No fundo das rechãs, no flanco das montanhas
E eu absorvo-o nos sons, na glória da luz crua
E ouço-o ardente bater dentro em minhas entranhas
Tenho êxtases de santo...Ânsias para a virtude
Canta em minh'alma absorta um mundo de harmonias
Vêm-me audácias de herói. Sonho o que jamais pude
-Belo como Davi, forte como Golias...
E neste curto instante em que todo me exalto
De tudo o que não sou, gozo tudo o que invejo,
E nunca o sonho humano assim subiu tão alto
Nem flamejou mais bela a chama do deserto
E tudo isso me vem de vós, Mãe Natureza!
Vós que cicatrizais minha velha ferida...
Vós que me dais o grande exemplo da beleza
E me dais o divino apetite da vida!
Manoel Bandeira
Vai alto o dia. O sol a pino ofusca e vibra
O ar é como de forja. A força nova e pura
Da vida embriaga e exalta. E eu sinto fibra a fibra
Avassalar-me o ser a vontade da cura
A energia vital que no ventre profundo
Da terra estuanta ofega e penetra as raízes
Sobe no caule, faz todo galho fecundo
E estala na amplidão das ramadas felizes
Entra-me como um vinho acre pelas narinas
Arde-me na garganta... e nas artérias sinto
O bálsamo aromado e quente das resinas
Que vem da exalação de cada terebinto
O furor de criação dionisíaco estua
No fundo das rechãs, no flanco das montanhas
E eu absorvo-o nos sons, na glória da luz crua
E ouço-o ardente bater dentro em minhas entranhas
Tenho êxtases de santo...Ânsias para a virtude
Canta em minh'alma absorta um mundo de harmonias
Vêm-me audácias de herói. Sonho o que jamais pude
-Belo como Davi, forte como Golias...
E neste curto instante em que todo me exalto
De tudo o que não sou, gozo tudo o que invejo,
E nunca o sonho humano assim subiu tão alto
Nem flamejou mais bela a chama do deserto
E tudo isso me vem de vós, Mãe Natureza!
Vós que cicatrizais minha velha ferida...
Vós que me dais o grande exemplo da beleza
E me dais o divino apetite da vida!
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